Thursday, April 13, 2017

Em Berlin

Volto daqui a três dias para São Paulo e já sinto uma dor no coração.

Blusa perdida fica na grade do portão e as flores não são arrancadas dos jardins ... Não tem lixo na rua. A cidade é silenciosa e o povo quieto, resguardado, ainda que receba um monte de turistas todos os dias.

Cachorro não late. Não vi cocô de cachorro na rua, apesar de ver os cachorros. Devem ir ao banheiro, sei lá.

Aqui em Berlim o pedestre para na esquina se o sinal estiver fechado. O pedestre, o ciclista ... Todos param. Um cara que se aventurou a atravessar o cruzamento com o semáforo fechado levou um olhar de desaprovação da esposa que certamente foi traduzido como "hoje você dorme no sofá e eu de calça jeans".

Moto para no semáforo e não corta os carros. Os horários do ônibus e dos trens são seguidos à risca.

As estações de metrô não têm catraca - você compra o bilhete, carimba com a data de hoje e pronto. Se o fiscal lhe pegar burlando o sistema, é capaz de pegar açoitamento em praça pública ou cadeira elétrica porque NINGUÉM BURLA O SISTEMA!

O pessoal sai à 18h, pega uma cerveja e sai bebendo nos carros do metrô - e tudo bem!! Não infringem a lei ou os bons costumes. Tudo em silêncio ou em contido riso.

Não sei se estou com a percepção correta, mas vi tudo isso de bom.

Tem o lado ruim, como a comida cara e entediante, repetitiva (um pouco como SP), a dureza do povo daqui (são rudes, pouco ajudam) e uma dificuldade de comunicação imensa (alemão é um idioma muito difícil para dominar - e não existe "me Tarzan, you Jane" em aloemão - e o inglês não é tão comum como se poderia imaginar).

Mas mais profundo que isso é uma melancolia imensa pelos erros dos últimos 100 anos, das guerras inúteis, do orgulho racista e do clima de delação por coisas comuns e briguinhas de vizinhos se tornarem condenações gravíssimas. O berlinense ainda tem de superar tudo isso, fazer as pazes com o seu passado e abraçar o multiculturalismo de vez, e ter modos com os pobres visitantes deste país dinâmico e respeitado em tantas frentes.

Tuesday, February 7, 2017

Eu venho escrevendo que falta educação (e daí civilidade, bons modos, bons valores morais etc.) ao brasileiro. Uma "experiência" no ES tirou o gênio da garrafa, mostrando a bandidagem solta, cidadãos comuns furtando e depredando, uma barbárie só. O brasileiro cordial é o Hyde, da novela Jekyll & Hyde. É o Dorian Gray. É o Duas Caras do Batman. Quando está sozinho, sem ninguém olhando, suja, mata, rouba. E em grupo, vira uma carnificina (li que foram 58 pessoas mortas a tiros nesses dias na Grande Vitória. Isso é índice de zona de guerra. Quem está assistindo o noticiário sobre Aleppo? Quantos morrem por lá naquela guerra sem sentido? Onde está a cobertura, as compensações de guerra, a ajuda humanitária para prevenir isso em Vitória?).

Daí a gente vai conhecer locais como Cingapura, Londres e Toronto. A combinação entre educação e repressão funciona!! Principalmente a educação que damos aos filhos EM CASA. Não são os professores, as babás e os motoristas que estão habilitados para isso. Somos nós, pais dessa criançada. E não adianta fugir para Miami: seus filhos podem sair do Brasil mas o Brasil não sai de seus filhos.

Em Cingapura, quem for pego pichando é açoitado. O país é um silêncio só e um dos campeões mundiais nos testes padronizados de línguas, matemática e ciências.

Em Londres, há câmeras por todos os lados, vigiando. Lá se pede licença, se agradece, mantém a calma e não tem (muita) gritaria na rua.

Em Toronto, se você passar direto por um cruzamento que tem uma placa de Pare, terá um diálogo interessante com um policial e depois terá de se explicar ao juiz, se for reincidente. A turma é educada desde cedo a respeitar o próximo e as diferenças entre as pessoas.

Já aqui ...

Sunday, January 1, 2017

Para 2017 ... Intenção ou meta

Intenção é o sonho, a aspiração, o desejo ... "Ficar magro", "praticar um esporte", "colaborar com a sociedade". 

A meta é algo mais elaborado e físico. Envolve a definição de indicadores, em intensidade, direção e tempo. Por exemplo: "vou emagrecer 5 Kg até o dia 1/6/2017".

Por enquanto, tenho apenas uma meta, que é correr (e terminar) a Maratona de Dublin em 29/10/2017. Isso resolve a parte de esporte, de peso e de um monte de outras coisas. Tenho algumas "sub-metas", a participação em meia-maratonas (Santiago, São Paulo Cities e Golden SP), que são para medir o meu avanço até Dublin. Viajando 25% do meu tempo exigirá uma dedicação acima da média nos treinos e nos locais onde estiver.

Ainda não pensei em um conjunto de metas. Os temas de convivência com a sociedade, com o Governo e com o meio ambiente formam um plano de possibilidades.

Fé, família, amigos, vizinhos estão no primeiro. Ir à Igreja todos dos domingos, separar duas semanas de férias com meus filhos, manter um encontro semanal com meus amigos ...

Ser um cidadão sem multas de trânsito e obediente às leis, controlar os planos dos governantes estão no segundo bloco.

Quanto ao meio ambiente, observar o consumo de água e ser firme nos conceitos de reciclagem e de reuso são mais intenções que metas propriamente ditas.

Mas essas intenções estão imaturas ainda, longe de serem traduzidas em metas.

Quais são as suas metas?

Tuesday, December 27, 2016

Retrospectiva 2016

Quem se importa com isso? Ninguém, apenas eu mesmo. É que para mim se tornou uma tradição de colocar esse tipo de post no fim do ano.
Em 2016, terei ficado 95 dias fora de casa a trabalho, conheci cinco cidades novas no caminho (Guatemala, Madrid, Logroño, Londres, Farnsborough), estive no Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Ecuador e na Bahia (ninguém é de ferro!). Foram 64 noites em hotéis, 24 noites dormindo sentado nos aviões, e perdi entre 80 e 100 horas em táxis e salas de espera de aeroportos. Neste ano perdi apenas um voo, voltando da Guatemala via Bogotá pela Avianca. Os demais voos foram razoavelmente arasados ...
Por conta dessas viagens e da culinária local, parei 4 vezes no hospital por intoxicação alimentar nos restaurantes do México e da Guatemala (particularmente nas lanchonetes do aeroporto da Guatemala, acho eu). São ossos do ofício. Finalmente me convenci que não dá para comer alimentos crus nesses países e até a água pode ser venenosa. Em compensação, a cerveja nesses dois países é inerte o bastante para hidratar de forma segura.
Todo esse esforço não faz cócegas em certos colegas de companhia que estiveram entre 180 e 220 dias fora de casa (segundo minhas estimativas).

Em férias (outros 16 dias fora de casa), tive o prazer de conhecer Amsterdam, Utrecht, Colônia, Luxemburgo, Bruxelas e Bruges, além de ter esticado até Southampton, Ontario, Canadá. Adorei as cervejas e os waffles na Bélgica e na Holanda, provei os maravilhosos vinhos tintos em Logroño, coração da região de La Rioja. A torta de maçã do Winkel 43 ganhou o meu prêmio pessoal de melhor sobremesa do ano!
Hoje comi o melhor sanduíche de vitela de Ontario em Southampton (minhas papilas confirmaram o cartaz!). Para contrabalançar tudo isso, corri 1182 Km neste ano (queimei umas 87 mil kcal com isso!), incluindo 4 meias maratonas (Meia Maratona Internacional de SP, a Meia de Santiago, a Golden Run ASICS de SP, Sampa), e a Gillette Body Running Experience e a Track&Field Villa Lobos, cada uma com 10K.
Neste ano também vi artistas de quem gosto morrerem - por idade, por doença, por quererem se desligar do mundo ... Isso rendeu muitas horas de YouTube, assistindo clipes do Emerson, Lake and Palmer e do David Bowie, revisando biografias e lamentando que não tivessem ido tão cedo.
No campo das artes, não consegui dar prosseguimento aos meus "avançados" estudos no violão. Meu professor me abandonou logo no início do ano, e eu abandonei a ideia de continuar com outro, pelo menos durante este ano. Estou alimentando o desejo de voltar e tomar vergonha na cara para tocar as peças que aprendi da melhor forma, não cheias de defeitos e de erros de interpretação básica.
Conheci alguns museus interessantes e fui a boas peças de teatro. Na minha memória, "A qualquer custo", "12 homens e uma sentença", "Elis" foram sensacionais. A Casa de Anne Frank, o Rijksmuseum, o Madame Tussads, a Rembrandhuis, o Speelklok Museum (o museu da "caixinha de música"), a subida nas espiras da torre da Catedral de Colônia, o museu dos instrumentos musicais em Bruxelas, as visitas às cervejarias Heineken e De Halve Mann, a Art Gallery of Ontario me ensinaram muito.

Também foi o ano de ter assistido o show dos Rolling Stones no Morumbi, uma revisão muito acanhada do Voodoo Lounge de 1995 no Pacaembu.
Também foi um ano eletrizante no que se refere ao engajamento político e à torcida pela queda ou não da Dilma, do Cunha e do Renan. Algumas delas serão condenadas a notas de rodapé, outras terão mudado a face do Brasil para o resto de sua história.

Como retrospectiva, me dá um certo conforto e um sorriso no meu rosto. Comparando 2016 com 2015,estive muito menos fora de casa: no ano passado, estive 130 dias fora de casa, corri muito menos e me diverti aquém do que queria. Ainda assim, mantive contato com bons amigos, não na quantidade e na qualidade que gostaria, mas o suficiente para estar junto com eles.
 Nessas minhas escalas, lamento ter me afastado momentaneamente de quem amo. Como uma ferida, está levando tempo para cicatrizar, e espero que não forme um queloide. Foi uma dissonância em uma peça muito linda, um momento de desarmonia e desafinação que não tem espaço nessa nossa vida tão atribulada e tão curta.



Peço desculpas mais uma vez.
Que venha 2017!

Monday, September 19, 2016

Cotopaxi, Equador



Cotopaxi is an active stratovolcano in the Andes Mountains, located in the Latacunga canton of Cotopaxi Province, about 50 km south of Quito, and 33 km northeast of the city of Latacunga, Ecuador, in South America.Wikipedia
  • Elevation:
      5,897 m
  • Last eruption:
      August 2015
  • Prominence:
      2,403 m

Foto: Antonio Carlos de Brito, 19/9/16

Sunday, September 18, 2016

Little Miss Sunshine e Breaking Bad

No voo da LATAM que fiz hoje entre Guarulhos e Lima, a aeronave era voada, antiquada, sem sistema de entretenimento individual: o cinema a bordo consistia em um único filme para todos os passageiros.  Faltou só o fone de ouvido que era um canudo que levava o som de pequenos alto-falantes instalados nos apoios de braços nos DC10 e 727 da Varig, Vasp e Transbrasil.

O filme era “Little Miss Sunshine” (2006), uma pérola super premiada pelo seu roteiro, com atores como o Greg Kinnear, Toni Collette, Steve Carrell, Alan Larkin (Oscar de melhor ator coadjuvante), Paul Dano e a pequena Abigail Breslin, no papel principal. Assisti ao filme sem o som até a metade e daí, como não conseguia prestar atenção em outro assunto tal é o seu magnetismo, coloquei o fone de ouvido para entender os diálogos.

Este “road movie” é uma homenagem aos que querem ter sucesso, se destacar, provar que é diferente.

O pai (Greg Kinnear) escreve um livro de autoajuda que encalha nas livrarias. O livro trata sobre persistência.

O filho (Paul Dano) mantém um voto de silêncio, seu esforço pessoal para conseguir entrar na Academia da Força Aérea.

A candidata ao prêmio “Miss Sunshine” é uma menina tímida e um pouco desengonçada (Abigail), amante do sorvete e das calorias, inscrita, não sei se por vontade própria ou por um delírio de seu avô (Alan Arkin), drogado e indecente.

O tio, interpretado pelo engraçadíssimo Steve Carrell, é gay e vai parar junto da família depois que tenta um suicídio ... Queria ser feliz com o namorado, que o deixou por alguém bem de vida.

A mãe, vivida por Toni Collette, quer amar, ser amada e segurar as pontas desta família disfuncional e ambiciosa.

Todos embarcam em uma viagem de Albuquerque, Novo México, para Los Angeles, Califórnia.
No meio do caminho, ouvimos a voz e a cadência do agente literário, recomendando que o pai desista, parta para outros desafios. O ator, que só reconheci pela voz, diferente que está neste filme, é Bryan Cranston, que faz o papel principal do premiadíssimo Breaking Bad filmada em ... Albuquerque!

Na estrada, a Kombi que é usada pela família para essa viagem é parada por um policial baixo, barrigudo, que não tira o capacete nem os óculos escuros, impossível de se reconhecer. Então começa a falar e é o Dean Norris, o ator que desempenha formidavelmente o agente antidrogas Hank Schrader, também no Breaking Bad. Suas ordens de policial foram muito bem aprendidas neste filme e levadas à perfeição no Breaking Bad.

Tal como Breaking Bad, no qual um improvável professor de química se transforma, por meio de mentiras, planejamento frio e sorte divina, no chefão das drogas de Albuquerque e de todo Sul-Sudoeste dos EUA, a família de Little Miss Sunshine encontra a forma de se relacionar sob pressão ... Todos percebem a cilada do concurso de beleza e no total despreparo de sua família para competir com tanta gente que vive apenas para o tal concurso.

Sem outros estraga prazeres, ri muito com as situações do filme. O roteiro é deliciosamente ingênuo e genial. No fundo, o desejo de se destacar e de vencer na vida continua forte apesar das adversidades não se alcança é frustrado pela realidade da vida, sonegando dos integrantes da família o alcance desses objetivos.  Os indivíduos usam esse mutualismo para manter a família funcionando e gerenciar a frustração que a vida lhes impõe. Talvez tenha sido essa a mensagem dos roteiristas e a mão do diretor em suas cenas rápidas mas de andamento lento.


Esse é um filme a ser revisto, reanalisado, destrinchado. É uma pequena obra prima, uma crítica forte ao crescimento forçado que as crianças passam e ao desejo cego de se destacar. 

Saturday, June 11, 2016

Liberdade é o quê, mesmo?

Estou nesta semana na Cidade do México e por aqui o pessoal é normalmente festeiro, ruidoso. Mas por algum desvio de educação e respeito, a turma parece conter o entusiasmo, principalmente em lugares públicos. A cantoria existe e às vezes é insuportável: em qualquer restaurante ao lado das praças Lincoln e Martin  Luther King, você está condenado a escutar um seresteiro com seu violão rodado e gasto versões nada inspiradoras de Cielito Lindo e  tantas outras músicas populares latinas enquanto come.

O problema é com os brasileiros. Estamos (afinal sou um também) extrapolando as medidas, em todos os ambientes que deveriam ser de convivência. Vamos aos casos para demonstrar meu ponto.

Restaurante Carlota, dia 24 de maio, dia de meu aniversário, uma terça-feira à noite, várias mesas vazias, sem nada de especial. Sento-me com meus filhos e minha mãe e percebo aquele "piiiiimmmm" do iPhone, dedicado às mensagens que chegam no WhatsApp. É o concorrente do assobio dos telefones da Samsung em matéria de chatice. A mesa com três pessoas logo atrás de mim recebia uma mensagem a cada 10 segundos. Os três não se ligaram nisso, não percebem o quão cafonas e mal educados são quando deixam o  celular  ligado em um restaurante. É um  acinte. Um restaurante gostoso, quase romântico, comida maravilhosa, serviço nota 10. E aquele "piiiiimmm" a cada dez segundos. Não dá. Meus instintos eram de (a) sair correndo ou (b) pegar o celular do fulano, jogar no chão e pisoteá-lo (quase que penso em uma opção (c), que envolveria torturar o dono do celular como o velhinho que obriga o Alex, de "A Laranja Mecânica", a assistir imagens de horror enquanto ouve a Nona Sinfonia de Beethoven, mas deixei esse pensamento de lado porque sou da paz). Foi um jantar rápido para nós. Quase 50 minutos apenas. Sem sobremesa, cafezinho e digestivo, alimentos de alta margem para a Dona Carlota, porque queria sumir dali por causa daquela maldita campainha. Azar de D. Carlota, azar ainda maior meu, que comemorei meu aniversário sob severo estresse.

Qualquer boteco, bar ou restaurante com WiFi, sem companhia definida ou situação memorável. De uma a duas mesas de distância. Dois fulanos, normalmente dois amigos ou um casal de namorados novinhos, ou três ou mais coroas (dois homens, uma mulher na configuração mais básica). Um deles puxa o celular, liga o WhatsApp ou o Facebook, e busca "aquele vídeo engraçado", aumenta o som do viva-voz e segura na frente do amigo. Tortura garantida por um minuto (graças a Deus  ninguém tem  paciência de prestar atenção por mais de um minuto). O pessoal ri e a cena  se repete, de um outro celular. Minha observação é que não há mais que 4 vídeos engraçados para uma rodada. Comemoração de gol da equipe de futebol (normalmente do Corinthians ou do Palmeiras) substitui com louvor toda a chateação do vídeo engraçado.

Até aqui somente uma grande falha nos servidores dos negócios do sr Mark Zuckerberg, uma hecatombe nuclear que impediria qualquer eletrônico de funcionar ou uma greve geral das operadoras de celular podem interromper essa falta de educação generalizada. Assim não dá. Quando meus filhos tiram os celulares à mesa, peço  que não coloquem o som. Peço que deixem em mudo todas as notificações (até porque minha filha recebe entre 200 e 300 notificações dos 60 grupos de WhatsApp aos quais pertence). Para dizer a verdade, nem  sei qual é o som  que meus celulares possuem porque os emudeci quando os coloquei em serviço e nunca mais tirei desse modo. E mostrar vídeos engraçados, só no lar ou na casa dos amigos.

Os celulares não são ainda a principal fonte de irritação minha.  Criança chorando em voo de larga duração sim. Meus últimos voos tiveram crianças, entre 2 e 4 anos, chorando e fazendo manha  durante as 8 e 11 horas que duraram. Um choro de manha, chato, soluçado, de quem está entediado e nada mais. No voo que me trouxe ao México, anteontem, o loirinho lindo chorava já no embarque e continuou chorando durante as 9 horas e 17 minutos que  voamos. Batia na mãe, enxotava a irmã, um monstro. Não há coração bondoso neste mundo que  não tivesse vontade de jogá-lo para fora do avião. Meus fones de ouvido foram  feitos para filtrar o  ruído constante das turbinas e proporcionar um pouco de paz para mim durante  o voo. Porém não atenuam choro de criança, em particular choro de criança fazendo manha. Sofri.

Nas minhas férias fiz um voo assim, catastrófico com um loirinho de 2 anos que tinha o choro mais chato da face da Terra. Pois bem, meu karma foi aturá-lo na volta também, por coincidência de tudo que é ruim na minha vida. Foram 11 horas na ida, 11 horas na volta. Choro de manha, tapas nos rostos dos avós que tentavam chacoalhar o  moleque na esperança de calá-lo, sem sucesso algum. No meu tempo, minha mãe me daria um  beliscão que transformaria a manha em dor e daí em silêncio. Hoje ninguém mais faz isso. É essa geração de pais bananas e fracos em conjunção com avós que não têm mais força nos dedos para dar beliscões. Acho que as companhias aéreas devem dopar as crianças antes que haja um assassinato ("mas foi em  legítima defesa") desses chorões. Ou isolá-las no fundo, em uma câmara anecóica (http://www.tecmundo.com.br/curiosidade/21766-conheca-a-sala-mais-silenciosa-do-mundo.htm). Se isso é uma barbaridade, não há problema: EU PASSO O VOO LÁ!

Agora pelo menos estou em silêncio aqui no México. O quarto está no 12o andar, as janelas bloqueiam boa parte do ruído, e os vizinhos estão quietinhos hoje (sábados em hotéis de gente de negócios são normalmente silenciosos - sem reuniões, sem chegada de hóspedes bêbados ou com televisões em alto volume no quarto ao lado). No Starbucks Coffee do hotel já não posso  dizer o mesmo: intrépidos trabalhadores digitais testavam músicas para os diversos sites de seus clientes no meio do café. Hora de pedir que usem fones de ouvido? Hora de dar-lhes um beliscão? Ou hora de tirar a viola do saco e cantar Cielito Lindo?